1989- O SURF PIAUIENSE VIVIA SUA ESSÊNCIA

Há mais de duas décadas o surf piauiense viveu um período em que companheirismo, solidariedade e  surf por diversão era o que importava. O ato de pegar uma barraca, pranchas, comida e água. era suficiente para um final de semana mágica nas areias da pedral. Passávamos o dia atrás das melhores ondas, íamos pro lado "bravo" pela manhã, meio dia para o "suicídio" ou "canto das pedras" e final de tarde o "curvão".

 Não cansávamos de pegar ondas, naquela época não haviam previsões de swell's, o máximo que tínhamos era a tabela de maré da marinha. Nós, surfistas dos anos 80, tínhamos de contar com a experiência vivida ou informações dos surfistas  mais antigos e  pescadores locais, que nos indicava as melhores épocas de ondas grandes.

Toda aventura era repassada através dos encontros na praça Santo Antonio, ponto de encontro das galeras de Parnaíba, cada um na sua, porém mantendo contatos diretos. No centro ficava os caras do skate e patins, na periferia as bikes, nos bancos e passeios as gatinhas só observando e sendo observadas, muitos se concentravam na sorveteria do seu Araújo, a malucada ficava no muro do seu Correia e do seu Cajubá.

Final de tarde na praça Santo Antonio e a noite na beiral, lugar mágico nos anos 80, onde tudo e todos aconteciam.    

ONDULAÇÕES DO ATLÂNTICO NORTE CHEGARÃO NO LITORAL PIAUIENSE

A partir de quarta, 08, teremos boas ondas chegando ao litoral, um swell de nor-noroeste que descarregará toda sua fúria em forma de ondas.A partir das 09 horas da manhã de quarta feira o litoral receberá as ondas vindas da parte de cima do globo terrestre, com altura de 1,5 metros e período de 15,4 segundos, com ventos de 19 nós vindo de leste,tudo indica que teremos um show de surf e será uma boa oportunidade de sentirmos e nos divertirmos com a força da natureza.

 Neste início de fim de semana,04 , as ondas estavam boas, e o crowd estava formado, todos chegaram basicamente no mesmo momento. Momentos antes de entrar no mar ao colocar minha prancha na areia para fazer um aquecimento, Tuxinha dropa uma esquerda poderosa, cava com segurança e força e sobe p ara dar um pancadão no lip jorrando água para todo lado, descendo logo após , virando e mandando para o lip novamente finalizando a onda. É parecia que as valas iriam quebrar.

Ao sairmos do continente as ondas vinham com aquele power de sempre, o lado brabo não perdoa, encontramos os mais ratos de praia já descendo algumas valas de responsa, Ruimar Jr., Zexter e outros, gostei da performance deles.

Quem apareceu neste dia foi o surfista  Dionatan  com sua blackboard, "Estava ansioso para colocar a prancha na água", disse o mais novo laminador da cidade me amostrando um conserto que fez na prancha do Mikael. E tava muito bom.

As séries entravam de duas e três ondas abrindo para o inside com brutalidade. Os melhores estavam fazendo a festa, enquanto que muitos iniciantes se aventuravam a entrar naquele mar raivoso que gosta de cuspir aqueles que ainda não sabe se desviar das mandíbulas do quebracôcô do brabo.

Herbert Quadrado também marcou presença neste bom dia de surf, estava relaxando para a prova de ciclismo que iria participar no dia seguinte, domingo, era a volta do Camurupim 100km de pedaladas intensas durante várias horas, é brô, tem que ter músculos de aço.

O Tempo, atual campeão piauiense, estava de monoquilha, tinha quebrado as quilhas na última caída, mais no final do dia já tinha conseguido novas quilhas para o surf no domingo, garantia de muitos aéreos.